segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quando gira o mundo e alguém chega ao fundo de um ser humano


Uma hora a gente pensa que perdeu tudo. Em outra temos a certeza que apenas ganhamos o mundo. Há certos dias que parece que o mundo faz silêncio para a dor passar soberana nas estradas dos nossos olhos. São tantas as coisas que podem nos ferir e nos perdemos entre palavras tão frias e gestos sem cores.

Onde estão as cores do arco-íris ou o coração que eu sei que Deus deu a um ser humano? Hoje eu tento não pensar, pois morreu alguém diante de mim e não tem como não fazer isso. E o que é morrer? É sair desse corpo e ir para onde não lembramos como é? Ou morrer é deixar de existir diante da delicadeza de uma confiança que se quebrou? Morrer pode ser tantas coisas, que apenas sei que a única coisa que sinto hoje são as lágrimas de uma tristeza profundo que se fez com a avalanche de mentiras que sufocavam uma verdade que faria tudo ser diferente. Mas as pessoas insistem em cavar a própria vida.

O que justifica mentir? O medo? O erro? O enterro? As glórias? As derrotas? O orgulho? O rancor? O ego? Ou o egoísmo? Quem sou eu para responder isso? Mas quem pode duvidar de um carácter já que todos têm teto de vidro? A única coisa que hoje eu relembro é que ninguém é tão santo que nunca cometa o mal e ninguém é tão cruel que jamais faça um bem.

Só não posso mais crer em letras que se juntam que se perde que se interferem. Pessoas são apenas pessoas, nada mais que isso. Apenas mortais que acreditam serem eternos, que não sabem por que existem. Mortais que se esquecem de que vão voltar ao pó e serão comido por minhocas famintas que pouco se importam se foram felizes ou não. Seres Humanos! Seres Humanos que não são nada além de seres humanos. Nada será eterno além de suas almas. E é nelas que estão toda herança de nossas atitudes que só o divino pode julgar certo ou errado. Somos tão findáveis quanto a própria morte. Só não me deixem mentir e não mintam pra mim, por favor, não mintam pra mim. Por que é mesmo que morrer alguém diante de mim e não conseguir ao menos lamentar.

Estou apagando minha memoria como quem se desfaz de roupas velhas, mas ainda lembro-me da esperança de ter ao menos um bom convívio de amigos que sabem a importância de um ser crescer num reino de paz. Eu tentei ser justa, amiga, companheira, mas me interpretaram mal. Acharam que eu desejava mais. Eu não queria ser mais o que um dia eu fui, nem mais do que sou hoje. Queria apenas que a paz existisse que a amizade fluísse e que meu filho não sofresse com os sentimentos adultos de seres humanos como nós que se perdem em seus medos e indiferença.

Mas hoje, especialmente hoje, morreu alguém diante de mim. É esse o sentimento que tenho aqui dentro, de morte. Nem pena, nem rancor! É magoa! E o pior é ter que falar com mortos, sempre tive. Agora só preciso estar na minha ilha quieta, no silêncio de uma tarde chuvosa, longe de tudo que possa me fazer mal. E o que é o mal? A gente nunca percebe que fez mal. Não sou santa, mas sou boba. Posso ser mal, mas não sou louca. Só queria ensinar o meu filho a escolher seus amores. A crer na justiça de um coração que eu acreditava existir.

Então é isso! Longe do que eu pensei que fosse nada do que eu acreditei ser. Decepção é mais que isso. Magoa é mais que dor. É fim do crer. É o cristal que se quebra e perde seu valor. Mas de que adianta olhar seus pedaços no chão? É como dar murros em ponta de faca ou querer que uma vaca nos ofereça lã. Mas não me julguem por chorar, eu posso fazer isso. Eu devo fazer isso! Até que todos entendam que não há tanta culpa sobre mim como estão pondo. E eu estou sendo "punida" com a frieza de um ser humano que até então foi tão gentis e que hoje se submete a gestos tão controlados para provar seu querer por medo de perder. O mundo está cheio de insegurança e isso me faz lembrar o ser que eu tanto amo, que não me julgou nem me condenou. Apenas se pôs do meu lado como ótimos amigos cúmplices que sempre fomos.

Eu estou longe de entender os seres humanos que se submetem a gestos tão pequenos pra provar algumas coisas a alguém por medo de perder. Meu Deus, até quando eles não entenderão que o amor simplesmente sabe quando é amado?

Subestima! Subestima! Não quero ameaças, armas ou sangue derramado no chão. Chega de dores, flores, palavras que podem fazer alguém sofrer. Não aceito desejo, segredos, mentiram eu quero longe de mim. Por que ontem a noite não teve estrelas e a lua louca de tristeza se escondeu atrás de tantas sujeiras. Em quem posso confiar? Deus é perfeito eu sei disso.

Mentiras! Mentiras! Mentiras! O que é verdade? Apenas o que está dentro de mim. E nem mais sei se o que deve ser destino de fato será. Mas peço a Deus que a cruz sagrada seja a minha luz. Por que eu tentava ser amiga, mas eu só fui humilhada. Perdão ao mundo por meu atos impulsivos, mas que o mesmo mundo entenda que não sou mais que um ser humano capaz de se desesperar diante de tanta turbulência. Mas talvez eu esteja além demais para eles entenderem isso. Mas me subestima, é interessante isso. Por que como sempre minhas palavras sofrem com a tentativa de serem distorcidas.

Nada foi novidade, tudo me foi avisado. É a tal espiritualidade. E para mim basta eu saber do que sou capaz e quem anda comigo. É forte, eu garanto que é forte. Deus é conosco meu filho! Eu prometo isso! Mas hoje, eu vou deixar minhas lágrimas caírem em silêncio e vou me entregar ao tempo até que tudo volte ao normal. Até que toda insanidade se dissolva, que toda magoa se perdoe e que esse calejado coração arquive mais uma avalanche de mentiras e me faça ao menos olha-lo como um filho de Deus que tem o direito de pecar.

Mas senhor te faço uma prece. Hoje é o silêncio do meu coração que vos entrego e peço que tu sejas a fonte de todas as minhas ações. Não deixe eu errar, já não posso mais. Obrigada pela família que me deu, são mais que isso. E mesmo que eu olhe ao meu redor e não veja um sinal de vida nessa guerra, eu sei que há sobreviventes e que a paz ainda há de se impor. Mesmo que eu não veja possibilidade de suas promessas, eu ainda creio. Está em tuas mãos. Não sei o que pretendes com isso, mas eu ainda te amo senhor. Aceito de bom grado o que me der e peço que ajude a entender toda lição. Por que eu sei que no mínimo eu devo merecer isso. Eu creio, espero e entendo que estamos dentro de um cosmo que se move para o bem. Não o bem que achamos que seja melhor, mas o bem completo para todos. Não vou tirar minha mente de ti senhor, nem meu coração, nem minha existência. Mas eu te afirmo Deus que a casa parece desmoronar sobre mim, cortaram em pedaços meu sentir e meus olhos só conseguem se fechar e abrir. Senhor faz-me forte e fiel. Fica comigo paizinho, sou tua, sempre serei e sabes disso.

Mas hoje que chove lá fora eu não quero simplesmente pensar, falar ou lembrar que existem seres humanos tão perdidos dentro de si. Não vou perguntar se há heróis nos céu. Se existe o céu. Ou o que vem depois do céu. A tristeza bateu na porta e eu abri para ouvir o que ela tem para me ensinar. Sei que ela insistiria até consegui entrar.


Mas hoje, especialmente hoje, não quero questionar. Estou apagando meus arquivos. Cortando nomes da minha lista de amigos. Deixando de colar cristais que se quebram. Enterrando os que morreram dentro de mim. E compartilhando a solidão com meu silêncio. E quando eu resolver pensar, vou questionar o que o amor faria diante de tudo isso?