sábado, 25 de junho de 2011

Marias


Não consigo escrever sobre minhas emoções tão presas em lembranças tão fortes que não partem e se partem dentro de mim. E se repetem e se perdem entre lágrimas tão escondidas quanto lidas nesse texto oculto que não vou divulgar.
São as cenas que se repetem como filme na mente que insistem em não me obedecer. Então resolvi tatua-las aqui para que assim eu as tenha sem ter que senti-las eternamente quentes dentro do peito que bati ao passo e compasso de vê-la partir.
Não vou falar de tristezas ou de como ela se foi. Vou falar do amor e da força. Enfim, das Marias.
Marias são mulheres fortes que não se dobram diante das dores, choros ou dificuldades. Quem olha de longe pensa até que essas Marias não sentem e mentem sobre o amor que elas têm. Trazem no rosto os traços de suas vitórias tão sofridas e ardidas presas em lembranças muitas vezes mais doloridas que uma faca entrando no corpo incapaz de fazê-la morrer.
Marias são mulheres de porte robusto, pois seu corpo singelo precisou aprender a se defender das batalhas da vida. Mãos calejadas de vassouras e roça com abraços de mãe que segura em Deus para ver o filho crescer. São mulheres decididas e certas de suas convicções e nem o cansaço as faz desistir.
Maria quis partir e ir embora depois de tanta lutar por si. Sim, ela estava cansada e seu rebanho estava pronto pra seguir. Ela teve que ir, pois o pai limpou tudo no alto para ela dormir. Num toque mostrou que o silêncio vale mais que tantas palavras. E se foi semeando o amor, a força e a fé.
Maria deixou lições e saudade. Salvou sua alma da vida e já vai nos olhar de onde estiver. E aqui o apego não quer ir embora e a gente que lembra e chorar sentindo o vazio da incompreensão. O não entender que egoísmo do querer nos impõe. O fardo pesado que as Marias levam desaguam na força que tens. E o lar dessa Maria agora é o reino divino que cheira a Jasmim.
Eu tenho uma Maria dentre muitas que existem. E de todas que tive uma eu vi partir. Ela foi pro Jardim das Maravilhas se juntar aos meus que pegaram esse trem antes deu chegar aqui. “Não tenha medo”, ele disse. “Se encontre com Deus”, eu digo.
Nossas vidas estão cheias desse encanto por que muitas vezes já fomos Maria. E hoje Maria é um código de DNA que corre no sangue de toda mulher que tem fibra e vida pra não se entregar a um tombo. Mas é preciso ter força, raça e sonho sempre para ser uma dessas Marias.

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