quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

De todo meu amor serei atento

Assim como o vento passa pelas folhas sem a árvore derruba, isso também vai passar sem eu ao mesmo chegar perto do chão. 



Eu acreditei quando ninguém acreditava que ele poderia ser sutil e amável. Eu escutava suas palavras tão rústicas de histórias que ele simplesmente precisava contar. Eu enxergava o belo por traz de toda aquela auto afirmação de um ego menino. Como a Bela e a Fera, eu sabia que por traz daquele ser tão medonho para o mundo havia um menino que queria carinho e eu queria oferecer meu carinho, meu cuidado, meu amor. 

Dos longos três meses que vivemos, o primeiro eu posso dizer que eu deitava minha cabeça no travesseiro e suspirava pensando nele. Eu o queria pra mim, queria estar com ele e mostrar o quanto eu o desejava. As cartas falavam de um Maktub não tão feliz, mas eu apostava com a minha forma de ver a vida que eu poderia fazer desse acerto de contas uma história sutil e feliz. 

Eu conhecia seu temperamento de longe e confesso que as vezes me parecia irreal. Até que um dia eu experimentei na pele e na alma desse furacão explosivo que ele é. Chorei por dias com aquela magoa que me corroía as entranhas. Mas meu coração gritou mais alto que as minhas lembranças. Doía. Mais estar sem ele doía mais do que estar com ele e aguentar seu temperamento explosivamente intolerante. 

Quando o medo de vê uma história se repetindo bateu em mim eu simplesmente estava sozinha. Ele fez disso uma guerra e apenas eu saí ferida. Sempre sendo acusada e julgada, ele jogava toda culpa em mim. Mas não posso ser injusta e não dizer que muitas vezes me senti uma princesa com ele. Observei e senti cada cuidado, cada gesto, cada olhar de carinho dele por mim. Não duvido do que ele sente, duvido dessa pessoa misteriosa que ele se tornou de um tempo pra cá. Eu sinta falta daquele homem doce que um dia me disse sentado no carro que daqui a 50 anos ainda lembrar-se-ia daquele momento.

Eu sabia que uma hora eu ia desistir, mas eu quis ir até o final. Eu sabia que eu ia me magoar e chorar, mas eu precisava ir até meu limite emocional. Até que um dia eu comecei a me sentir triste, sozinha e me dei conta de que minha alta estima não havia sido alimentada e que o amor é como uma fogueira que não sobrevive sem lenha. Eu doei tudo que eu tinha dentro de mim e não havia mais o que oferecer a não ser meu apelo em forma errada de cobrança. Eu tentei falar, mas ele não soube ouvir e nem tenta admitir. 

Eu abrir mão quando já não podia mais dar nenhum passo em sua direção. Quando apenas não queria dar desculpas. Liguei e coloquei um ponto final com meu sentimento bagunçado dentro de mim. A ração precisava me tirar dali. Era como se fossem duas de mim, uma pegava a outra no colo e saía de perto dele. Eu acreditei que ia ser fácil, que ele não ia me procurar. Mas ele simplesmente não me deixou esquece-lo. Era como se em cada ligação eu o respirasse. Eu chorei em cada tchau, meu coração parou em cada alô e em cada noite antes de dormir queria sua presença. Eu fui conversar e dar minhas razões, mas não consegui dizer nem a metade do que eu sentia. Vê-lo foi como tocar na ferida e então a ficha caiu. Eu já não tenho mais ele! Não posso toca-lo, ama-lo, senti-lo, beija-lo. Ele me abraçou e eu chorei sem por que, meu coração transbordou. Eu via na minha frente o homem que eu me apaixonei. A consumação do fim foi exatamente onde se deu o início de uma história que só eu acreditei. 

Só eu sei o quanto eu o desejo, o quero e sinto sua falta. Depois de vê-lo onde a onda quebra nas pedras eu chorei por dias lutando contra mim mesma que queria tentar voltar. Eu me fiz convencer que foi o melhor e aguentei a dor de não tê-lo perto de mim. 

Hoje eu o vi e ele estava como aquela pessoa que desisti de ter. Ele brigou, humilhou, falou mal. Dentro de mim era como se eu olhasse no espelho e me visse dizendo "Viu, a gente tinha razão. Aquele homem apaixonante existe, mas é dominado por esse que não controla seus impulsos e magoa sem perceber. Ele ataca como um animal recuado tentando se defender. Chore querida por que sei que está doendo, mas não sinta raiva dele por que não é por mal que ele faz”. 

Eu tentei aguenta o choro que me sufocava por dentro. Algumas lágrimas caíram do meu rosto enquanto eu ouvia acusações do que sou ou deixo de ser. Não quis me defender, como não costumo fazer. Não tenho que provar nada para ninguém e o tempo mostra quem é quem. No fundo, ele sabe que não o que ele insinuava. 

Sai do carro, peguei meu presente e fui embora para minha casa deixando fluir minha vontade de chorar. Eu não olhei para trás e não vou olhar. Tudo que tiver de ser será, mas eu sou dona do meu destino. E eu vou sempre optar por ser feliz. Não posso deixa-lo perto o suficiente para ele me machucar. Por que eu sempre quis uma história bonita. Acreditei que seria e estava disposta para ser. Por que eu nunca quis perfeição, apenas o amor e dei muita prova disso. 


Valeu a lição desse aprendizado que tive. Sou grata a Deus pelas oportunidades de resgatar meus débitos e por de alguma forma ter mudado essa história. Tenho a esperança que de alguma forma eu tenha sido uma influência boa para a evolução de esse ser que vem sendo esculpido por Deus com todo amor.