terça-feira, 25 de setembro de 2012

Não são seus! Não são de ninguém!



Alguns dias realmente não são nossos. Vêm e vão como se você fosse um estrangeiro em seu próprio corpo. O seu mundo já não parece mais seu. Foi tomado por sentimentos confusos que lhe tiram o ar. Você olha para dentro e lá fora parece muito melhor. O caos está despenteando seus cabelos. Você tenta fugir de dentro de si e se vê presa a correntes que só você sente. O silêncio ensurdece e para onde quer que você olhe só existe uma direção que você queria ir. Você tenta seguir e a lua simplesmente tenta ser generosa com sua luz. Porém, você está com frio e isso te impede de ver a direção. Nenhuma mão nem expressão, nenhum sinal de fumaça que mostre que o coração é feito de carne e que tudo tem valido a pena. À distância, a importância, a razão sem a menor razão, a loucura está me parecendo a melhor e mais sensata companhia. Qual seu nome?
Alguns dias realmente não são seus. Vêm e vão como se fossem dias de outros. O sinal não fecha, o açúcar acaba, a mensagem não chega, o abraço não existe, a musica não toca e parece que nada vai ter sentido. E quando você dá um grito de fuga sem ao menos soltar um som, uma mensagem divina, de um Deus que não deseja ouvir barulhos, acalenta seu coração que já bate fraco e sem vontade de insistir. Você escreve por que é a única maneira de fazer essa chuva passar. Você quer sentar na praia e passar o dia ouvindo o mar e quem sabe numa certa hora se jogar nos braços frio de um horizonte gelado e se deixar levar pelas ondas para onde você queria estar.
Alguns dias não são seus, não podem ser e não devem ser. Vêm quietos, bagunçam tudo e depois vão. Você não escuta sequer o barulho no assoalho. Vêm e deixam você para traz, em frente a outros. A fogueira ameaça apagar. Você ameaça jogar tudo num rio e ir embora apenas com a roupa do corpo para um lugar novo, com tudo novo e um interior que precisa se renovar. Você não encontra a direção agora, mas encontrará. Você se joga de um abismo por que sabe que pode voar enquanto o resto de mundo se prende a segurança de um chão duro e quente de um ar abafado que não nos permite respirar.
Você se questiona como pode um peixe vivo viver fora da água fria. E segue buscando as respostas de perguntas não feitas. Segue tentando arrumar a casa e jogando tudo fora. O caminhão de mudança é apenas uma mala e tudo que você precisa cabe nela.