Prema

Quantas vezes eu vou ter que dizer que o amor perfeito não existe? Pelo menos umas dez mil vezes talvez. Não dessa forma ideológica e utópica que dissertam por ai. O amor é mais que isso...

Era mais um dia de trabalho e ela foi com a consciência de que tudo seria muito igual. Tudo corria bem, quando ela cruza olhares com ele que com sua gravata no pescoço sorri e faz pose para foto. Um tanto quanto sacástica ela vira para o lado e pergunta para três meninas "O que leva um ser a vir de gravata para uma boate ?". Todas fazem mil e um comentários e ela segue sua tarefa de bater a meta. Mas o emprevisto acontece e sua bateria acaba. Ela entra na cabine do Dj e poe para carregar, enquanto vai até o banheiro. E foi nesse intervalo de segundos que tudo mudou dentro dela.

Ele a olha docemente e toca seu cabelo. Ela para um tanto chateada pelo gesto, mas tudo muda quando ambos trocam olhares. Eles conversam e ambos querem apenas não perder o outro de vista. Ela segue para o banheiro e deseja que ele simplesmente a espere como quem espera o amor a vida inteira. E a surpresa é grande quando ela sobe as escadas e ele está lá a aguardando como quem acha o que sempre quis.

Eles conversam e dançam como quem nunca mais pode se separar. O dia amanhece e eles precisam se despedir, então aprendem que nem toda despedida é tão dolorosa assim. Há a esperança do telefone tocar. Ele liga para ela e novamente eles se vêem. Eles sabem que não há mais como viver um sem o outro. Foi amor a primeira vista. Foi o olhar que afirma ao coração que ambos acharam o que buscaram a vida inteira. É o prema, a paz interior, a alegria sem fim, o amor incodicional, é a certeza de sentir-se completos simplesmente pela existência do outro.

Eles passam a noite juntos e ele na sua inquietude não aguenta, olha para ela e pede "Vamos embora comigo ?". Dentro de si, ela sente que é tudo o que ela mais quer, mas a razão precisa ser mais forte e ela pede pra pensar, mas ela já sabe a resposta "Sim, por toda minha vida". O sentimento de não mais perder é forte e a certeza da saudade na partida era dolorosa.

Pensar na despedida fez a lágrima dela cair de seu rosto e se juntar com a dela e percorrer até o lençol desarrumado. As mãos juntas diziam ao corpo sobre o amor e desejo de não fechar os olhos os faziam não dormir. Todo segundo era segundo, era como se cada segundo fosse gelo que se derrete pelo calor do sol. Foram dias intensos e eternos. No ultimo dia os corações apertados e ela o surpreende com um bilhete entregue pelo garçon "Eu te amo". Ele a ama também e chorou quando ela leu uma carta para ele. Separa-los seria como tira a alma de um corpo e manda-lo seguir vivendo bem.

A despedida foi como arrancar o coração do perto a segue frio. Ela chorou e suas lágrimas foram no guadanapo escrito "Eu te amo". Era o amor sobre o amor, a dor sobre a dor, o medo sobre o medo e a esperança sobre a espera. O tempo passou e a distância venceu o cansaço.

Mas o amor persiste em viver e sobreviver nesse deserto da solidão. Pois quantas foram as vezes que eles choraram a saudade, amaram a fotografia e desejaram a presença? Quantas foram as vezes que as lembraças vieram a tona e coração apertou no peito ?

Sabemos que aqueles corações pararam na despedida. E sabemos mais ainda que será na troca de olhares do reencontro, no abraço incotido e nas lágrimas de alegria do beijo tão desejado que amor poderá gritar e fazer esses dois corações voltarem a bater com a força de quem achou o que procurava e que a distância provou sua resistência.

É o prema, o que sempre procurou foi achado. E resiste, persiste e vive, como nas noites escuras que sabemos que uma hora o sol vai chegar. E não importa se é para sempre, importa é que agora ele existe.