segunda-feira, 4 de maio de 2009

Passos de Mangá


Tive que embora, mesmo querendo ficar, de mundos distintos que se fundiram para se separarem.


Menina do céu cor de rosa, é isso que sou. Mas eu ao menos sei quem eu sou, por que estou sempre num processo constante de vir a ser. A única coisa que eu sei é que "pra sempre" é muito tempo e não é isso que eu quero que digam pra mim.
        
Começou a chover e eu saí descalça pela ilha dos sonhos de ouro. Pensei no que eu desejo pra mim. Quando olhei para o céu não conseguia distinguir o que era chuva e o que era lágrima das rosas de um mundo a milhões e milhões de estrelas daqui. Ouvi noites após noites que além do arco íris há um lugar de céus azuis onde os sonhos são reais. Eu o procuro, mas ninguém me dá pistas da direção. Então me perco a todo o momento para achar um novo caminho.

As linhas de um pequeno notável me lembram do pequeno com passos de mangá que ficou como quem se foi e esqueceu-se de fechar as portas. Eu ainda lembro dele, mas ele apagou sua memória de mim. Bendita Maria que me sustenta no colo nas noites solitárias de saudade, na qual brotam lágrimas escondidas nos sorrisos que ninguém vê.
Não quero príncipes, por que eles não existem. Não quero perfeição, por que já me basta o amor. Mas também não quero mais ter que ver partir, por que a despedida esfria a alma assim como a água transforma a larva em rocha.   

Menina - mulher dos céus cor lilás, é o que sou. Porém sempre nesse processo constante de vir a ser dentro de um labirinto de sonhos utópicos. Fácil de ser amada sem ser compreendida. Mas é preciso força para estar ao meu lado. Eu acho que os fracos definitivamente são inúteis e me perdoem se sou dura quando falo isso, mas quem não consegue olhar seu verdadeiro Eu, não sabe ousar. E o mundo, queridos, infelizmente é para os fortes. Bendita Maria que não me deixa cair quando tentam me derrubar. Pois minha força torna os fracos em seres amedrontados que buscam quaisquer coisas para não ter que desafiar.        

Não quero ser triste nas palavras que aqui escrevo. Quero apenas ser justa comigo, mesmo que para isso eu me rasgue diante de vós. Parte da minha estória mágica da vida são linhas escritas com uma caneta de pena de um coração nobre de desenhos japoneses. Foi pra ficar, mesmo que nunca volte. Nem tudo que parece mau realmente é bom. Mas esses passos de mangás são de um pequeno viajante que cativa a rosas com quatro espinhos e a reflete em seu semblante por onde quer que vá.        

Isso é o passado que não passou, é a dor que virou saudades, o lamento que virou lição. É o confiar em planos divinos melhores que os meus. São partes de perguntas que não me cabem as respostas. Mas um dia me falaram que Deus dá primeiro a resposta para depois mandar a pergunta. Logo, eu não estou sendo atenta aos sinais do tempo.
No final de tudo a gente percebe olhando as estrelas que em algum lugar está alguém que amamos um dia e que nos amou de alguma forma. Que palavras ruins são formas de pedir que se afaste, pois a fraqueza não permite que lute contra. Aprendemos que basta um segundo para algo justificar nossa existência. Pode ser um olhar, um sorriso ou a pergunta de nome ausente em um crachá. O amor não tem nada haver com o tempo e isso esse pequeno aprendeu com meus passos únicos junto aos dele de mangá.

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