
Olho em minha frente uma estrada solitária cheia de gente. Penso nas inconformidades dos atos de olhos fechados. Eu não quero olhar para traz! Eu preciso não olhar! Preciso apenas não lembrar agora quem sou ou para onde vou. Dou o primeiro passo sentindo um vazio cheio de pensamentos e perguntas. Os amigos tentam me ajudar e eu sou grata por isso, por que não sei o que seria sem eles.
Tantas coisas poderiam dar certo se não fossem a insanidade de pessoas que não sabem se amar. Ainda assim eu tento não chorar, mas atrás desse sorriso sem cor uma lágrima escorre sem direção, sem pretensão, sem razão.
Ando por ai tentando cada dia achar mais um pedaço de mim, para no final da estrada estar ao menos completa. Não vou estar presa em barbantes, pois irei defender minha liberdade de ir e vir, mesmo que para isso eu tenha que rasgar esse mundo frio do inverno.
Não quero que lembrem meu nome, a fome, a esperança de ser mais que isso. Apenas lembrem das palavras escritas num papel branco cheio coisas rabiscadas com pontos de interrogação. Quero que interrogem o juiz, que enfrentem o presidente e nunca desistam dos sonhos que nascem do amor.
Mas hoje eu olho inconformada para a estrada na minha frente e mais uma vez preciso seguir adiante sem olhar para traz desfazendo meus enganos. Seguir com minhas perguntas sem respostas, com minhas palavras não ditas e com o silêncio escrito.
Sim, isso tudo é por que eu gosto, mas talvez seja apenas o costume de uma carência que se enraiza nos passos solitários de um coração que mesmo cansado não deixa de esperar. Embora eu as vezes me sinta sozinha no meio de abraços afetuosos e olhares cheios de gratidão. Mas eu não posso voltar e nem chorar!
Hoje eu questiono o que há depois do céu, do que realmente o sol é feito e por que a noite parece imortal. Viajo no tempo indo e vindo, vendo olhares tão vagos e palavras tão frias. Eu tomo outra direção e vejo sorrisos não dados, amores desarmados e despedidas sem idas. Algumas vezes me perdi no final, andei em ciclos, no caminho de espirais cheios de olhares desesperançosos de si.
Hoje eu ainda não consigo entender o ontem. Não sei o que houve, o que soube e o que eu vi ou senti. A confusão das lembranças e sorte da inconstância que mostrar o que não deve ser apesar do que se sente e não se entende.
Estou cansada, mas lembro do que eu li, penso no que escrevi e no que ninguém nunca irá ler. O que sei sobre a solidão, invasão e razão. O livro que na minha frente dizia que no meio de cascalhos estranhos e disformes diamantes sobrevivem solitários. Enfim, talvez a vida deva ser mais simples. Os detalhes de deitar e olhar a lua, de contar as estrelas. Saudades da infância é tudo que eu tenho agora. O colo não dado, o sonho cortado, a ausência, a carência e a personalidade criada pelo instinto de sobreviver, de ser a liberdade que se acredita.
Talvez eu não deseje a mentira e a verdade não seja tão bonita ou dita. As mudanças tão intesas não me permitem ao menos pensar. Qual é o aprendizado? Qual é o estado? Sólido? Liquido? Gasoso? Eu não entendo tanto movimento.
Apenas escrevo o que vejo dentro de mim agora. É o gostar magoado, inconformado por que tudo poderia ser diferente, quente, frio ou simplesmente bonito. Mas as pessoas apenas não entendem a razão da existência, dos encontros, do merecimento do afeto terno de quem apenas quer abraçar. O gostar plantado no solo da admiração que se desfaz com a magoa quando se descobre o que realmente existe dentro de um ser que a tão pouco era tão suave.
Na verdade o que nunca entenderemos é que o eterno é prilégio só da alma. Tudo no fundo acaba e cada dia precisa ser o último. Mas ainda sofremos por que não aprendemos que o apego é a fonte da dor. Que a felicidade é para quem sabe olhar para dentro, para o vento que levanta a folha que se deixa voar. É o tempo que não existe, é o mal que não interessa, são passos dos que andam sem pressa. Que a sabedoria não vem dos cabelos brancos e que o corpo cansa se não descansa. Que sempre seremos crianças que aprendem a andar, a falar e tem sempre o desejo de ousar, mas insistimos em nunca voar.
Mas hoje, ao menos hoje, eu quero o silêncio de um domingo sem sábado, de um sábado sem sexta. A pausa de pensamentos que me fazem chorar. No ter que esquecer sem se conformar no como tudo poderia ser diferente se não fosse a insanidade dos inseguros. O medo do escuro e daqueles que nunca saberão o que é coração. Mas hoje eu preciso ser razão, não dar ouvido ao coração, ao perdão. Não pensar no telefone, sair da mente, fingir que o dia está quente e sentir o sol que resolveu não sair do colo das nuvens que o protegem da dor de um mundo tão disvirtuoso.
Hoje as árvores são verdes assim como eram quando o mundo foi criado. As flores são coloridas e o arco íris só dá o ar de sua graça quando estamos dispostos a senti-lo. Que Deus existe em algum lugar que eu não sei. Que nunca estaremos só. Que está doendo o que nunca foi, é e será. Momentos meus que se vão, que estão e não abro mão. Mas o amanhã vai chegando e hoje será apenas o ontem que se apagará. Um desabafo pelo olhar e um sorriso sem graça que finge estar feliz.
Hoje as musicas falam por mim. A piedade fala pelo mundo. E o que sinto hoje não é novo, não é bobo e não supera a travessia da noite escura que tanto me fez ser nobre e forte. E eu sigo a estrada na minha frente sem olhar para traz, sem querer mais do que me foi dado. E sabendo que o que perdi não era meu, não seria seu e o que chega e sai da nossa existência é apenas mais um coração. Porém é a razão que precisa vencer a emoção de coisas que não posso acreditar, lembrar, falar. E hoje eu não preciso sorrir se não quiser, sair se eu não puder e falar se eu não tiver o que dizer. E sai de mim se eu puder, corre por ai se der e voltar a escrever se a inspiração vier.
Gostar é mais que isso! E dá medo de dizer quando se sente. Então se mente dizendo que não é coração, saudade e o fim de tudo até da amizade. Mas se sente que o corpo não é a alma! O fogo completa a fogueira e que o que realmente é nunca se sabe se será. Mas nunca seremos daqui e hoje tudo que eu digo por favor não escrevam, esqueçam, pois nada tem sentido e coesão. São apenas palavras de uma emoção em vão que escorrer como água entre os dedos diante da imensidão do mar dentro de um lar que só eu sei organizar. É apenas mais um coração que sentiu qualquer coisa em vão no tempo que, como já disse, não existe.
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