
Estou
andando no deserto. Há milhões de cascalhos desformes e estranhos. Há alguns
diamantes em espaços solitários sobrevivendo e tentando refletir a luz do sol.
Tem um diamante que chora quase sem brilho e espaço. Talvez ele não consiga
mais suportar a solidão das rejeições de cascalhos tão sem valor. Por que esse
diamante não entende sua preciosidade? Por que insiste em perguntar onde ele
errou? E culpa, se julga se martiriza, quando o divino está lhe dando o que
mais vale na face da terra.
E
se ele desmoronar? Se ele não puder mais aguentar? O que iremos fazer? E se ele
quiser lutar e não precisar implorar? Será que o cascalho aguentaria? Reconheço
que a história está definitivamente toda errada. Mas não o enterre ainda, ele
não se quebrou. E se enterrarem o faça em terra fértil para que ele possa se
recuperar de todo mal que o fizeram. Pois esse diamante está todo rachado por
dentro de tantos golpes que levou quando tentava gerar em paz a paz entre nós.
E
se for pra ser assim que não seja, mas, por favor, enterrem-no em pé. Pois nem
ele sabe ao menos por que tantas despedidas sem idas. Todos os desenganos e
retornos arrependidos de pessoas que não vão ficar. Não me abram mais o tarô é
vão e em vão, pois ninguém mergulhou entre suas lágrimas para salvar seus
sonhos quando eles simplesmente morriam afogados.
O
vazio é o que resta a espera de amor que a amou antes mesmo de existir.
Enquanto esse diamante andava entre o labirinto de ventos no deserto que se fez
sem sabermos de onde veio e nem para onde vai. Os caminhos de começos sem fins
e sem escolhas. O amanhã que parece nunca existir. Mas não falem do amanhã por
que o hoje já está insuportável demais.
Padecendo
no paraíso! É isso, num presente de futuros tão incertos. Mas caminha mesmo que
a estrada não pareça ter fim, pois um dia a estrada acaba, nem que seja por que
suas pernas cansaram. Ou apenas, por que até mesmo o diamante mais resistente
se quebra quando cai no chão de uma altura bem grande.
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